Palavras ao Vento é fruto de uma necessidade interior de corrigir deslizes orais ou escritos, presenciados no cotidiano; mostrar a urgência de se fazer da educação prioridade nacional; discorrer sobre trivialidades, mostrando o porquê disso ou daquilo e destacar a força que a palavra tem naqueles que captam o sentido das entrelinhas.
sábado, 29 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
CAMINHOS...
Ando carente de filhos, de abraços, de compartilhamento de segredinhos, de cumplicidades trocadas entre doces sorrisos de malícia, que só o sabem fazer mães e filhos. Ando sedenta de beijos sem nenhum compromisso, somente pelo prazer de beijar, sem motivos justificáveis. Apenas para mostrar que amo o beijado. Ando faminta de tardes vazias, deixadas soltas pelo ínfimo prazer de que estou viva. Ando ansiosa por danças acompanhada ou sozinha, pela mera intenção de de...ixar o corpo flanar no ritmo de uma bela melodia.
Ando saudosa de campos, de mato, de rio, só para voltar no tempo e sentir a doçura do que foi a minha infância. Ando necessitada de preces, assim, sem compromissos com santos ou deuses, para dar paz aos meus indiscretos conflitos interiores. Ando nostálgica de meus arroubos juvenis, em que dialogava com o vento sem medo de articular as palavras mais ousadas. Ando à espera de noites em que o sono é senhor absoluto e a fuga dele me faz inquieta e saudosa.
Ando contando os dias porque terei saciada a espera de meus amores. Então, deixarei que a vida escorra lassa, sem rédeas, sem relógios, sem pressa. As tardes não serão mais vazias. As noites de insônia terão um sentido. Os beijos serão ofertados sem parcimônia. Os abraços se farão desmedidos. Os segredos tomarão as formas da verdade revelada. As saudades da infância corporificar-se-ão em minha netinha e os tormentos interiores irão embora com a mesma rapidez como em mim se apresentaram.
Assim é a vida, cíclica, ininterrupta, com dias plenos de encantos e noites negras como temporais. O segredo é estabelecer os limites entre o bom e o ruim, a paz e a tormenta, a alegria e a dor, os sonhos e o palpável. E o segredo maior: a vida nos mostra os caminhos que nos conduzem à realização dos sonhos...
UMA SEMANA LINDA, LINDA para quem leu mais este meu texto!
sábado, 22 de novembro de 2014
UM VÍCIO CHAMADO CARINHO
Se o carinho fosse cultuado como um "vício"
dignificante por todos, não haveria tanta maldade no mundo. Quem iria agredir
alguém cheio de amor e carinho para dar?
Conheço muitas pessoas tão parcimoniosas no afeto que se
assustam quando alguém as "ataca" com um gesto afetuoso. Quando
oferecem um ósculo (não é um palavrão, é o primo irmão de beijo), o gesto mais
próximo do carinho é um automático e rápido encosto no rosto do acariciado.
Para mim, abraçar tem que ser um abraço efusivo, acintoso,
carregado de força emocional. Como se mil braços macios e aconchegantes
envolvessem o enlaçado. Ou se, no gesto simples de abrir os braços para
abraçar, estivesse também abraçando a natureza e tudo o que de maravilhoso nela
existe.
Beijar, se na boca, tem que ser, preferencialmente, de
língua, ou acintosamente pleno de paixão, como se fosse o último a ser
compartilhado. Se o beijo for nas faces, não o aceito se não agregar a ele um
estalo pleno de emoção. Não gosto daqueles beijinhos sociais, quando as pessoas,
encostando a face na face do cumprimentado, fazem a boca articular
desagradáveis muxoxos. (Também não é palavra de baixo calão. É aquele jeito de
se tocar a língua entre os dentes ou lábios batendo nos lábios e se ouvir um
tchetchetchetche ou bchtebchetbchet!)
Tais beijos nada representam para mim. Se tenho que beijar,
beijo meeeeesmo com tudo a que o par, seja homem ou mulher, tem direito.
Se vou demonstrar o quanto quero bem a alguém, extravaso nos
gestos. Abraço-o com a mesma emoção que abraçaria um filho. Não sou econômica
no afeto, única coisa interessante que posso oferecer em abundância. Equilibro o carinho com o comedimento das palavras, porque
exercito a arte de ouvir com o mesmo cuidado com que miserabilizo as palavras,
temerosa de melindrar o acariciado.
sábado, 15 de novembro de 2014
“Um choro bom de chorar”
.
Essa frase foi retirada do final do artigo “Reversão de
Expectativas”, de J.J. Camargo, publicado hoje, no caderno “Vida” de ZH. Fiquei
impressionada. Inspirei-me...
Choro bom de ser chorado é fruto da emoção gerada pelo nascimento,
pela vitória de um filho ou de um ser muito querido, é o abraço apertado dos netos,
o elogio sincero de um amigo, seu cumprimento caloroso e sem nenhum
ressentimento quando constata que troquei de carro, tive mais um artigo ou
poema publicado em grande jornal ou recebi uma visita de pessoa encantadora e
que não via há longo tempo.
“Um choro bom de chorar” é se encantar com a radiosa
claridade do dia e constatar que ainda faço parte da vida, receber a notícia de
que tudo aconteceu como o esperado ou praticar o ato de chorar sem que haja
nenhum motivo, ou, simplesmente deixando as lágrimas reforçarem a minha alegria
pela encantadora descoberta de que, apesar de minha rebelde alma agnóstica,
ainda detenho o poder de rezar, porque não deixei de acreditar em milagres...
Um fim de semana lindo e, de
tão lindo, que gere em cada um de vocês, QUERIDOS e QUERIDAS, o mais doce choro
bom de chorar.
sexta-feira, 14 de novembro de 2014
terça-feira, 11 de novembro de 2014
O SILÊNCIO VALE OURO
Quando a saudade aflora à alma,
sinto uma insistente vontade de remexer no passado para extrair do baú das
lembranças algo marcante que vi ou vivi. Nessas horas ladinas, nem sempre
forjadas em brilhos, olho para o azul esbranquiçado do céu e me recolho no
presente, porque aqui é o meu lugar. Nessas reminiscências, aprendi a exorcizar
as minhas culpas, já que o peso delas poderia fazer trôpega a caminhada. Se
recordar é viver duplamente, prefiro alar os pensamentos e banhá-los com o mais
ardente verde da esperança a me reportar ao que não queria ter visto ou vivido.
Então, recolho as palavras e as borrifo no papel para lhes dar uma nova
roupagem.
Esse é um poder que administro
com cuidado para não melindrar o leitor ou o ouvinte e não me fazer menor ante
o lido ou o recordado. Mesmo com cautela, às vezes, articulo expressões e
frases das quais venho a me arrepender. Então me reporto ao silêncio com o seu peso
em ouro, procurando me redimir pela articulação das palavras que têm o singelo
valor da prata. No entanto, quem ouviu ou leu o que não queria, jamais esquece
o articulado impróprio. E não perdoa, recorda o dito, joga com as emoções do
pecador, sem piedade.
Nessas situações, se fazem latentes
duas máximas muito fortes. A primeira é aquela em que uma pessoa pode acertar
mil vezes, mas o que fica, macula a existência dela, se propaga no tempo é,
talvez, um único erro cometido. A outra, penetrante como a mais afiada das
adagas dos samurais, adverte o pecador de que se errar uma vez, a culpa é minha.
Se o erro se repetir, a culpa é sua. Se continuar errando muitas vezes, talvez,
não mereça a redenção...
Pensem nisso! Um EXCELENTE DIA, QUERIDOS e QUERIDAS!
domingo, 9 de novembro de 2014
UM TEMPO SEM TEMPO
Mais versinhos para chamar de meus...
UM TEMPO SEM TEMPO
(Arlete Gudolle Lopes)
O tempo é o somatório de todos os tempos:
Os bons, os ruins e os nem tanto.
É uma brisa que se plasma
Para virar vento.
Vento forte, vento frio...
O tempo é o matraquear
de compassos sem compromissos,
de ruídos descompassados, de sons sem graça
que cismam em se fazer ouvir.
O tempo é a prece nos lábios secos da beata.
É o pranto da mulher traída...
É o descompasso entre o riso e a dor.
O tempo é o tudo e o nada,
O eco e o silêncio,
A alegria e a desgraça.
É o balbucio e o discurso,
A calmaria e a pressa,
O trabalho e o ócio...
Os doces momentos e
O turbilhão que os afasta.
É o encontro e a partida,
O beijo, o abraço,
A carta esquecida,
O desafeto e o perdão.
É a sombra na terra
Que se esvai lentamente
Sabendo que o abstrato e o concreto
Jamais se unirão.
O tempo é a soma e a subtração do bem e do mal.
O múltiplo e o dividendo entre
A fartura e a miséria,
A vida, a espera e o muito mais...
Se leram, aceitem as flores. UM EXCELENTE DOMINGO!
(Arlete Gudolle Lopes)
O tempo é o somatório de todos os tempos:
Os bons, os ruins e os nem tanto.
É uma brisa que se plasma
Para virar vento.
Vento forte, vento frio...
O tempo é o matraquear
de compassos sem compromissos,
de ruídos descompassados, de sons sem graça
que cismam em se fazer ouvir.
O tempo é a prece nos lábios secos da beata.
É o pranto da mulher traída...
É o descompasso entre o riso e a dor.
O tempo é o tudo e o nada,
O eco e o silêncio,
A alegria e a desgraça.
É o balbucio e o discurso,
A calmaria e a pressa,
O trabalho e o ócio...
Os doces momentos e
O turbilhão que os afasta.
É o encontro e a partida,
O beijo, o abraço,
A carta esquecida,
O desafeto e o perdão.
É a sombra na terra
Que se esvai lentamente
Sabendo que o abstrato e o concreto
Jamais se unirão.
O tempo é a soma e a subtração do bem e do mal.
O múltiplo e o dividendo entre
A fartura e a miséria,
A vida, a espera e o muito mais...
Se leram, aceitem as flores. UM EXCELENTE DOMINGO!
O tempo é o somatório de todos os tempos:
Os bons, os ruins e os nem tanto.
É uma brisa que se plasma
Para virar vento.
Vento forte, vento frio...
O tempo é o matraquear
de compassos sem compromissos,
de ruídos descompassados, de sons sem graça
que cismam em se fazer ouvir.
O tempo é a prece nos lábios secos da beata.
É o pranto da mulher traída...
É o descompasso entre o riso e a dor.
O tempo é o tudo e o nada,
O eco e o silêncio,
A alegria e a desgraça.
É o balbucio e o discurso,
A calmaria e a pressa,
O trabalho e o ócio...
Os doces momentos e
O turbilhão que os afasta.
É o encontro e a partida,
O beijo, o abraço,
A carta esquecida,
O desafeto e o perdão.
É a sombra na terra
Que se esvai lentamente
Sabendo que o abstrato e o concreto
Jamais se unirão.
O tempo é a soma e a subtração do bem e do mal.
O múltiplo e o dividendo entre
A fartura e a miséria,
A vida, a espera e o muito mais...
Se leram, aceitem as flores. UM EXCELENTE DOMINGO!
sábado, 8 de novembro de 2014
Nossa fugaz eternidade, o original
Quando deixamos
as reminiscências vagarem nas linhas escorregadias da saudade, despidos de
qualquer pudor de recordar o que tenhamos visto ou vivido, a tendência
peregrina e mutável que habita a morada dos sensíveis e a alma enrugada dos
pessimistas, encarrega-se de selecionar fatos e feitos. Ao afrouxarmos as
rédeas da memória, surpresas boas e ruins podem sobrepujar muito do que nos fez
felizes ou nos definiu como tristes.
Como proteção, dispomos da capacidade poderosa de determinar o que
realmente pretendemos escancarar ou ocultar. Libertos das amarras que
encarceram palavras e sensações, volatizamos por tempestades, calmarias e desdizeres
para, apaziguados, deixar-nos adormecer entre quimeras e realidades.
Apaziguados com
o passado, permitimos que o imaginário seleto desatrele e redima os erros
cometidos impensadamente. Como fênix que ressurge do nada, rememoramos tudo o
que colaborou para nos tornar seres melhores e o enclausuramos num espaço
diferenciado, nos escaninhos da mente, irmã da vida, filha do silêncio e
gestora do bem e do mal. Cavalgando nas asas do sonho, permitimos que a noite
esconda as estrelas nas dobras mais negras do céu só para nos brindar com uma
lua prateada, pitonisa da certeza de que o sol voltará com o brilho mais
fulgurante, ainda que ventos e temporais se anunciem extemporâneos.
Assim é a vida,
plena de metáforas e de contratempos, momentos de puro gozo e cenas que
poderiam servir como coadjuvantes do mais horrendo filme de terror. Esse é
nosso encantamento e desdita, vaticínio e certeza, belicosidade e paz, ternura
e maldade, paradoxo implacável entre o morrer e o viver. Porque somos finitos e
a morte nos é a única e inexorável certeza, não percamos tempo em lamentar o
que não podemos mudar, nem nos aprisionemos no se que deixamos de ser ou fazer. No desenlace da existência terrena,
que a partida nos seja bem leve para que possamos descansar em recordações de
nossos entes mais caros porque, enquanto permanecermos nas lembranças ou nas fotografias
registradas por eles, perecíveis que somos, estaremos imortalizados em
merecida, embora fugaz eternidade.
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